sexta-feira, 28 de novembro de 2014

caixa de pandora

Chegou a casa e viu uma caixa. Não sabia como ali tinha ido parar nem porquê. Ficou por uns breves instantes a olhar para ela. Abrir ou não? Ficou naquele dilema por breve instantes. ''Que se lixe!'', e abriu. No seu interior tinha uma carta. Começou a ler: ''O mundo pode dar voltas e voltas, mas trouxe-me até ti. No início não sabia o que esperar. Mas arrisquei. Não me arrependo. Mudaste a minha vida e agora não a vejo sem ti. Por favor, fica para sempre''. Depois de ler aquilo até a sua mente parou. Era ele, sempre foi ele. Chegou, pegou no seu coração e aqueceu-o. Nunca mais o largou. Ás vezes não o dizia assim de uma forma tão explícita, mas quando o fazia era assim: lindo. Por baixo da carta tinha um bilhete de avião, com o destino riscado, para ser surpresa. Partiam amanhã. O regresso era indefinido. O importante é que iam juntos. 

N.Vieira

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

sol que vem e vai

O sol não brilhava quando acordou. O dia tinha tudo para continuar cinzento. O seu sentimento estava como o tempo, menos bonito. Perdia-se naqueles pensamentos menos bons. Ficava segundos, minutos e horas a pensar naquilo que não queria pensar. Parecia que não conseguia sair daquele estado de ansiedade. Mas depois acalmava e percebia que não vale a pena estar assim. Só se sentia assim porque deixava, porque não lutava contra isso. Sem esperar o sol deu de si. O céu encheu-se de luz e de uma claridade que iluminava qualquer um, até aquele coraçãozinho apertado. Com o sol veio a força, a força para se agarrar àquilo que tem e que sempre a fez feliz. Não podia deixar escapar aquilo por que tanto lutou, com que tanto sonhou. A vida era agora, neste momento, e se não a agarrasse agora, ia perder esse momento para sempre. 

N.Vieira

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

o que te move?


estado neutro

Entrou naquele estado. No estado do medo. Do quê, do porquê e do como, não sabe. Aquilo que sabe é que tem medo. Um dia de uma coisa. Outro dia de outra coisa. Tem medo de ser o que não é. Agarra-se àquilo que não é e arranja forma de o poder ser. Para quê? Só para se sentir pior. E fica naquele estado nos momentos de solidão. Mas os medos só demonstram a sua insegurança, a sua pouca confiança. A verdade é que lhe falta algo e o próprio nem sabe bem o quê. Começa com os ''e se'' e a ansiedade aumenta. Mas basta. As respostas nunca se encontram quando se debruça no ''e se''. Aquilo que procura está no significado daquilo que pensa, dos seus medos. A verdade é que viveu durante muito tempo em piloto automático, fazia as coisas sem pensar. Agora começou a fazê-lo e a necessidade de mudar chegou. Está na altura se perguntar o que tudo isto significa e de arranjar mecanismos para lutar contra inseguranças e medos sem nexo. Está na altura de saber o que quer para si e aquilo que o faz feliz. Quer voltar ao que era antes, ao sentimento de bem-estar anterior e à paz que pairava em si. 

N.Vieira

terça-feira, 25 de novembro de 2014

o regresso

Adiei o regresso faz muito. Não por falta de vontade. Talvez no início por esquecimento. No meio talvez por falta de tempo. Mas no fim foi a falta de coragem. Só agora decidi voltar. Porquê? Porque faz sentido e às vezes não precisamos de saber qual ele é. Temos simplesmente de nos agarrar à sua busca e ao seu reencontro. Porque às vezes na nossa vida há necessidade de voltar ao STOP, de agarrar o momento e perceber o significado das coisas e o seu valor. Preciso disso. Preciso de reencontrar o valor, o significado e deixar todos os medos de lado, porque os medos não passam disso mesmo. Preciso de me relembrar das coisas que gosto e não gosto. Preciso de saber dar-te o teu valor. Mas agora acordei. Agora a vontade de encontrar o significado já ninguém me tira. Hoje é o recomeço. O meu. O teu. O nosso.

N.Vieira

segunda-feira, 18 de março de 2013

o ritual

Lia uma frase. Parava. Pensava. Voltava a tentar ler outra frase. O mesmo processo acontecia. Tinha de parar. Pensar naquilo que o perturbava. Rever os passos na sua cabeça. Precisava de reflectir. Deitava-se com os pés encostados à parede. Fechava os olhos. Prestava atenção a cada letra da canção. Ficava ali durante horas. Levantava-se. Tentava continuar. Lia uma frase. Tinha de parar outra vez. A cara já estava novamente molhada. Deitava-se. Começava novamente o seu ritual. Podia ser que desta vez funcionasse.

N.Vieira

Mais amargo do que um limão

Saber que estás longe de mim é um sabor amargo. Não saber o que estás a fazer. Não ter ideia de onde andas. Não conseguir imaginar o que vês. Não conseguir perceber se estás de bom ou mau humor. Não ser capaz de te perguntar sobre o teu simples dia. Não é bom sentir-te distante de mim. É mais amargo do que um limão.

N.Vieira

quarta-feira, 6 de março de 2013

o seu romeu

Sentiu aquele aperto. Sentiu o seu coração. O bater era acelerado. Mais rápido do que alguma vez se tinha apercebido. Posou a mão sobre ele e ao invés de se assustar ficou feliz. Aquele era o sinal pelo qual tinha esperado. Era o sentimento de Pedro por Inês. Era a magia de Romeu e Julieta. Não teve medo. Deu-lhe um beijo. Prolongou-o. Deu-lhe a resposta do "para sempre". Virou-se para o lado e adormeceu. Mas hoje adormecia com a certeza de que tinha ali alguém. E não era um alguém qualquer. Era o seu Pedro, o seu Romeu..

N.Vieira