Quatro paredes brancas. Era somente aquilo que via. Decidiu pegar nos lápis de cor. Queria construir ali a sua história. Queria deixar ali a sua marca. Da forma como queria construir um futuro com um outro alguém. Desenhava luas, sóis, flores e praias como sinónimo da sua felicidade. As nuvens, chuvas e trovões eram a semelhança com a sua tristeza. Construía a casa onde se imaginava a viver. Será que desenhava o cão? Será que no futuro ia querer esse cão? Não interessava, ia desenha-lo só para embelezar a coisa. Queria passar a imagem de perfeição que tanto é procurada pela humanidade. Queria fazer parte do grupo, mas também se queria distinguir do comum mortal. Por isso.. pegou na borracha e apagou tudo. Começou do zero. Agora este ia ser o seu desenho. Representante da realidade ou não, aquelas iam ser as suas quatro paredes e fazia delas o que quisesse. Desenhava aqueles que lhe faziam realmente falta. As quatro paredes podiam não ser reais agora, mas eram um esboço do futuro que queria para si. E o mais engraçado é que agora ia pintar só uma parede. As outras três eram pintadas à medida do tempo e das suas vontade. Afinal o futuro não se constrói num dia, mas sim todos os dias.
N.Vieira