sábado, 31 de dezembro de 2011

1 ano em 40 palavras

Um. Ano. Vida. Aventura. Descoberta. Sonhos. Pessoa. Amor. Desafio. Adorar. Medo. Choro. Grito. Coragem. Arriscar. Irmãos. Dar. Receber. Ajudar. Beijar. Tristeza. Amigos. Abraço. Carinho. Pai. Lutar. Sofrer. Superar. Acreditar. Desejar. Perder. Renascer. Mãe. Começar. Esforçar. Resistir. Continuar. Sempre. A. Sorrir.

N.Vieira

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

apagar

Apagar. Apagam-se memórias. Apagam-se medos. Apagam-se sorrisos. Apagam-se frustrações. Apagam-se desejos. Apagam-se pensamentos. Apagam-se pesadelos. Apagam-se sonhos. Apagam-se passos. Apagam-se falas. Apagam-se conversas. Apagam-se elos. Apagam-se conjuntos. Apagam-se pessoas. Apagam-se mundos. Apagam-se "eu's". Para quê? Para construir de novo. Para fazer renascer o perdido. Para ressuscitar o que foi enterrado. Para estar novamente presente. Para simplesmente viver outra vez.

N.Vieira

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

send something, wish something

"Send a wish upon a star, make a map and there you are". E se enviar mesmo... será que o desejo é recebido? Será que o desejo é concretizado? Porque por vezes não se trata somente de "enviar o desejo". Temos de "fazer um mapa", determinar para onde queremos ir e como queremos ir. "Send a question to the wind, it's hard to know where to begin". E se enviar mesmo... será que a questão é ouvida? Será que "o vento" garante que a questão é entregue? Porque por vezes é isso mesmo: difícil de saber por onde começar. Difícil de saber qual o caminho a escolher. Seja por onde for que se deseja algo, desejar só não chega. Há que tentar, há que fazer um esforço. 

N.Vieira

domingo, 25 de dezembro de 2011

young at heart

"And the tears come streaming down your face
when you lose something you can't replace
when you love someone but it goes to waste
could it be worse?

Lights will guide you home
and ignite your bones
and I will try to fix you."

Ao som de youngatheartchorus ainda ganhou mais significado. Porque se trata de nós com os outros, dos outros connosco, sempre.

N.Vieira

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

barreira imaginária

Tentamos criar uma barreira. Por mais forte e consistente que ela pareça achamos que estamos bem. Tentamos que a barreira não nos permita pensar. Tentamos que essa barreira nos afaste daquilo que mais gostamos. Tentamos que a barreira não caía. Tentamos que essa barreira nos aguente e sustente. Mas a verdade é que quando a barreira não é verdadeira nada disto funciona. Quando a barreira não passa da nossa imaginação ela não tem efeito. Quando, inconscientemente, queremos estar ligados àquilo que a barreira separa ela não faz nada. Quando aquilo que sentimos ultrapassa a barreira ela não tem força. Quando não estamos preparados para esquecer ela não está lá a fazer nada. As barreiras às vezes são criadas pela nossa imaginação e por isso não passam disso mesmo: de pura imaginação.

N.Vieira

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

carrossel

Carrossel. Voltas e mais voltas. Uma mais rápida. Outra mais lenta. Rodopios constantes. Breves viagens que parecem uma eternidade. E quando finalmente parece que a viagem está a chegar ao fim, recomeça tudo de novo. Regressam as voltas, os rodopios, as viagens. O parar parece cada vez mais perto. Mas cada vez mais difícil de alcançar. O carrossel não quer parar, mas devia parar. O carrossel não quer ceder, mas a hora está prestes a chegar. O carrossel não quer perder, mas a sua vitória parece já ter sido conquistada. Carrossel, carrossel... será que parou?

N.Vieira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

o mundo

No meu mundo. Com os meus "problemas". As minhas adversidades. As coisas que não me ajudam. Os pensamentos que poderiam não estar presentes. Mas... como é possível esquecer-me do mundo? Dos problemas dos outros. Das adversidades que alguns sofrem. Das coisas que não ajudam as pessoas. Dos pensamentos que destroem alguns seres humanos. Porque às vezes não se trata somente do meu mundo. Trata-se do nosso mundo. Com milhares de pessoas que precisam de nós. Com milhares de pessoas que podiam contar com um sorriso nosso. Com milhares de pessoas que ainda estão lá. Não as podemos "perder", temos de fazer por elas. Porque às vezes acho que sou grande, mas na realidade sou pequena. O mundo é bem maior. 

N.Vieira

domingo, 18 de dezembro de 2011

um ano

365 dias. 12 meses. 1 ano. Mil coisas acontecem. Demasiado se sucede. Várias pessoas entram ou saem da nossa vida. Algumas delas modificam-na. Outras têm uma passagem temporária mas não menos importante. Objectivos são traçados. Uns são cumpridos, outros nem por isso. Visitas são feitas, vezes sem conta. Locais são conhecidos. Segredos são descobertos. Mais um ano que passa. Mais um ano que vale a pena. Mais um ano a ter em conta. Mais desejos a concretizar. Porque às vezes se trata somente disto: de um ano, com tudo de bom e marcante que ele traz.

N.Vieira

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

se tiver de ficar

Não se trata de finalmente desistir. Não se trata de não querer mais. Não se trata de deixar de acreditar. Trata-se de deixar ir. Trata-se de libertar. Trata-se de ver as coisas como elas realmente são. Porque aquilo que não é nosso segue o seu caminho, livre e independente. E aquilo que é realmente nosso para sempre o será, independentemente das voltas e mais voltas que a vida dá. Porque se um dia tiver de ficar, vai ficar.

N.Vieira

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

palavras & actos

Dizem que as palavras valem muito. Mas será que valem assim tanto? De que vale afirmar, duvidar ou negar algo? De que vale aquilo que se ouve? De que vale o que se diz ou é dito? De que vale... Se os actos "dizem", provavelmente, o contrário. Se os actos não suportam o que se diz. Se os actos não estão ao lado das palavras a que lhe estão associadas. Se aquilo que se faz não segue exactamente aquilo que é dito. Se aquilo que se faz por acontecer é o oposto do que se diz. As palavras valem muito, significam muito, verdade. Mas às vezes os actos não podem ser ignorados, postos de lado. Palavras e actos, duas palavras que podem e que, muitas vezes, valem por uma só. 

N.Vieira

domingo, 11 de dezembro de 2011

just like the weather

"Cause she's just like the weather, can't hold her together". Too many things. To many feelings. To many thoughts. Too many dreams. Too many pieces. Too many fears. Too many joys. Too many disconnections. Too many voices. Too many bits. Too many me's... just like the weather.

N.Vieira

sábado, 10 de dezembro de 2011

escuro antes de amanhecer

"Regrets collect like old friends
Here to relieve your darkest moments
I can see no way, I can see no way
All of the ghouls come out to play

And every demond wants his pound of flesh
But I like to keep sme things to myself
I like to keep my issues strong
It's always darkest before the dawn

And I've been a fool and I've been blind
I can never leave the past behind
I can see no way, I can see no way
I'm always dragging that horse around"


Aplicava-se bem ao dia de hoje. Ao momento de hoje. Porque é sempre escuro antes de amanhecer.

N.Vieira

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

uma vida

Um não quando o quer sair é um sim. Uma probabilidade quando o que se quer que seja é uma certeza. Uma mentira quando o que devia sair era uma verdade. Um medo quando o que se queria era coragem. Um olhar quando o que devia ser era um toque. Uma fala quando o mais fácil era o silêncio. Uma lágrima quando o que devia sair era um sorriso. Um pesadelo quando o que devia ser era um sonho. Uma vida que na verdade era isso mesmo: uma vida, com tudo o que ela tinha de bom e mau. 

N.Vieira

domingo, 4 de dezembro de 2011

copo meio vazio

O copo estava meio vazio. A música estava alta. O quarto estava um caos. A noite estava profunda. O olhar estava intacto. A mão estava desprotegida. Os dedos estavam receosos. A boca estava seca. O respirar estava ofegante. A mente estava cheia. O pensamento estava obstruído. O coração estava frágil. O espírito estava sem reacção. Estava tudo igual: tal e qual como tinha sido deixado.

N.Vieira

sábado, 3 de dezembro de 2011

contradições

Preto no branco.  Cheio no vazio. Quadrado no redondo.Torto no direito. Tristeza na felicidade. Amor no ódio. Abraço na distância. Desprezo no carinho. Sonho no pesadelo. Gostar no detestar. Lembrança no esquecimento. Sol na chuva. Lua cheia na lua nova. Nuvens no céu azul. Choro no riso. Fala no silêncio. Toque na curiosidade. Aventura no medo. Arriscar no desconhecido. Tudo no nada. Porque a vida é mesmo assim: feita de contradições.

N.Vieira

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

gostar

Gostar de alguém é bom. Gostar de alguém é uma coisa mágica. Gostar de alguém tem de ser algo espontâneo. Gostar de alguém é estar sempre aqui. Gostar de alguém é ajudar, ouvir, compreender. Gostar de alguém nunca pode ser em vão. Gostar de alguém é não deixar ir. Gostar de alguém transforma uma pessoa. Gostar de alguém, seja quem for, nunca deve ser temido. Gostar só por gostar. Gostar não passa facilmente. Porque quando se gosta a sério gosta-se.

N.Vieira

terça-feira, 29 de novembro de 2011

mais do que habitual

O vento soprava mais do que o habitual. A brisa era mais gelada do que o habitual. O sol brilhava menos do que o habitual. O barulho era menos intenso do que o habitual. O riso era menos consistente do que o habitual. As mãos pareciam mais pequenas do que o habitual. O pé balançava menos do que o habitual. A fala saía mais fraca do que o habitual. Os olhos estava mais abertos do que o habitual. A mente estava mais acordada do que o habitual. Tudo fugia ao hábito criado. Tudo temia o hábito pré-existente. O próprio hábito já não queria estar lá. Será que se evaporou?

N.Vieira

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

vezes

Às vezes tentar não chega. Às vezes as nossas expectativas não passam disso mesmo: expectativas. Às vezes uma lágrima liberta. Às vezes tem doer para depois passar. Às vezes não é como queremos. Às vezes não pode ser assim. Às vezes temos de ver as coisas que estão lá, por mais que nos custe. Às vezes vai parecer não passar. Às vezes não vão deixar de ser isso mesmo: vezes, vezes boas, vezes más, vezes que marcam, vezes que magoam, mas são essas vezes que fazem de nós a pessoa que no fim sempre fomos, somos e vamos ser.

N.Vieira

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

diz-se que é isso mesmo

Será que tudo se baseia nisso? Num grande amor? No conhecimento mútuo que une dois seres diferentes? Na partilha de algo que nunca deveria ser partilhado? Na frase que fica por dizer mas que é compreendida? Na mão que agarrou exactamente aquilo que lhe pertencia? No olhar que diz tudo o que tem de ser dito? Na crença do conto de fadas que provavelmente não passa disso mesmo: de fantasia? No medo de, por mais que não se queira, magoar alguém? No cheiro eterno que fica na roupa? No sonho que não deveria ser substituído pelo pesadelo? No pensamento que invade logo pela manhã? No pedido nocturno de que tudo se repita no dia seguinte? No simples "preciso de ti" que diz tanto? No saber o que se quer em vez do que é melhor para nós? Diz-se que sim. Diz-se que um grande amor tem isto tudo. 

N.Vieira

sábado, 5 de novembro de 2011

o seu nome

Julieta. Era o seu nome. O verde que envolvia a sua pupila era real. O cabelo claro que acompanhava o seu corpo era único. A forma como mexia os lábios enquanto falava era somente suave. Os dedos longos mas seus eram delicados. O seu pé direito era diferente, mais gordo. Sonhava com o mundo. Queria ultrapassar barreiras. Procurava o eterno amor. Não temia a tempestade. Desejava a estrela mais cadente do céu. Repetia estados de bom humor. Fazia juras de amor para ninguém. Contornava a maior colina existente. Chorava pelo filme mais estranho. Ria-se das coisas mais tristes. Sabia quando não queria ficar melancólica. Ouvia a música mais sombria para dormir. Estranhava a simpatia mais genuína. Retorcia-se quando imaginava o futuro. Enrolava a língua quando pronunciava certas palavras. Escondia-se do escuro incerto da noite. Buscava a luz mais verdadeira. Não tinha a certeza absoluta de tudo o que queria. Mas sabia aquilo que a fazia feliz. Conhecia as coisas que a punham triste. Fugia do que a fazia sofrer. Protestava contra aquilo que sabia ser maléfico. Tinha a sua vida. Tinha as suas coisas. Tinha as pessoas que queria e não queria. 0 foram as vezes que mentiu. Chamava-se simplesmente Julieta. E este era o seu nome.

N.Vieira

domingo, 30 de outubro de 2011

"musica-me"

Estava ali sozinha. O carro estava em movimento. A velocidade não precisava de ser medida. Os meus pensamentos voavam a uma rapidez impossível de calcular. O rádio passava aquela música. Não reparava. Simplesmente ouvia o som e não associava a letra. De repente acordei. Reparei que tudo aquilo fazia sentido. Cada palavra, cada sílaba, cada letra. Era impossível ficar impune àquela verdade. Não conseguia acreditar em como aquilo se adequava ao momento. Tinha medo de no fim acabar assim. A música acabava. E eu ficava ali. Sem saber o que fazer. Sem saber o que pensar. Queria correr para os teus braços. Não te queria largar. Será que podia?

N.Vieira

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

o seu manto de invisibilidade

Passei por ti. Estavas ali indefeso, triste e abandonado. Reparei em ti. Ninguém reparava em ti. Todos passavam, olhavam e seguiam com as suas vidas como se nada fosse. O único olhar de pena deles não te ajudava, não te alimentava. E tu não fazias nada. Continuavas ali no teu canto. Não pedias nada a ninguém. O teu olhar perdido no horizonte é que gritava desesperadamente por ajuda. Mas o grito não era ouvido, não era notado. Não te esforçavas para mudar. Não tinhas forças para mais, para sair do buraco em que há demasiado tempo de encontravas. Não me foste indiferente. Tive de ir lá. Tive de te ajudar. Nem que fosse com um cobertor,uma sandes, um abraço.. Para mim, o mais importante era ir lá e ajudar-te. Por uma única vez na tua pequena vida de mendigo não eras invisível. Por breves cinco minutos eras alguém.

N.Vieira

terça-feira, 23 de agosto de 2011

corpo seu

Os olhos pareciam perder-se no horizonte. O nariz reconhecia todos os cheiros. A boca saboreava profundamente cada um dos ingredientes que apareciam. O peito crescia à medida que a respiração se tornava mais ofegante. O coração não parava um segundo. A bariga não mostrava sinais de fome. As pernas eram cada vez mais conhecidas pela sua fraqueza. Os pés queriam pisar o chão frio que agora estava sempre quente. Os dedos dos pés entrelaçavam-se uns nos outros. Aconteceu, aquilo que previa aconteceu... estava apaixonada.

N.Vieira

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

madrugada

4.30min, o cansaço de dar voltas e mais voltas na cama. 5.15min, o sono que teima em não aparecer. 6.05min, a vontade de fechar os olhos por um pouco e pensar que vai ser desta. 7.20min, a certeza de que desistir é sempre mais fácil. 8.30min, o querer e não conseguir. 9.30min, não quer dizer que tenha sido vencida pelo cansaço mas acaba por se levantar. Não foi uma noite perdida. Para si foi uma noite em que os sentimentos falaram mais altos. E como será hoje? Hoje há outra noite... mas não há outros sentimentos, esses perduram, esses são os mesmos e conseguem ser muito bons.

N.Vieira

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

my light


"I didn´t see it coming, I was blinded by your light, Somehow i´m under your spell, Yeah you brought me, Back to life, I´d given up believing, Then you brought me, I still don´t know what you´re looking for, But i´ll make sure you won´t need anymore"... Only the truth.
N.Vieira

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

m de mão

A mão estava fechada. Por mais que quisesse estar aberta não conseguia. O medo que a consumia não a deixava soltar-se. O seu fecho não reflectia o seu ser. Por ela estava aberta para o mundo. Queria conhecer mais, saber mais, viver mais. Mas só através daquele fecho percebia que aquilo que tinha lhe chegava bem. Não precisava de mais nada. Aquilo que tinha conquistado chegava perfeitamente. Lentamente começava a perceber que o seu fecho não passava de uma barreira transparente. Na realidade estava solta há imenso tempo. Soltou um dedo de cada vez. No fim, o medo que a consumia sumiu-se. A certeza veio e com ela veio também um sorriso. De repente... apercebeu-se de que a mão estava aberta.

N.Vieira

quarta-feira, 20 de julho de 2011

o que passou... passou

Um passado... Um passado que era meu. Um passado que aconteceu. Um passado que em nada muda aquilo que sou. Um passado que faz parte da vida. Um passado que não altera nada daquilo que sinto. Um passado que em nada deve interferir. Um passado que não altera o presente ou o futuro. Um passado que deves ver como isso: um passado. Porque o passado não passa disso mesmo: passado.

N.Vieira

segunda-feira, 18 de julho de 2011

1/2 meu

Gosto de mãos. Gosto de ver o mundo através delas. Gosto da mão que me descobre, que te descobre. Gosto de mãos que se cruzam em outras mãos. Gosto da minha mão. Gosto da tua mão. Gosto daquilo que as nossas mãos são juntas.

N.Vieira

voltas & voltas

Uma volta. Outra volta. Voltas e voltas que perduram no tempo. A volta positiva que tornou a vida em algo melhor. A volta negativa que deixou uma réstia de insegurança. A volta do não, a volta do sim, a volta do "nim". Todas elas voltas que transformam, que magoam, que semeam felicidade, que já se tornaram essenciais. Não passam de voltas. Voltas necessárias, voltas que tinham de acontecer, voltas que mais cedo ou mais tarde iriam ser cobradas pelo destino. A volta vai. A volta vem. A volta fica. Mas no fim do dia as voltas baseiam-se não nas que vão e vêm mas nas que ficam. As minhas voltas... há algum tempo que ficam.

N.Vieira

segunda-feira, 20 de junho de 2011

1/2 meu

Gosto da lua. Gosto ainda mais quando é lua cheia, dizem que lhe está implicada magia. Gosto de acreditar que é verdade.

N.Vieira

O bom e o mau. O que vai e o que vem.

É bom gostar de alguém. Seja essa pessoa gorda, magra, bonita ou feia. Quer ela tenha borbulhas ou rastas no cabelo. Independendemente dela ter os pés grandes ou usar óculos. Quer ela seja querida ou menos simpática. Quer a cor predominante seja o preto ou o branco. Seja o seu feitio fácil ou dificil. Independentemente do seu sorriso ser verdadeiro ou não. Apesar das zangas ou quase zangas. Quer aquele ''gosto de ti'' ser sentido ou não. Seja o seu humor algo demasiado bom ou demasiado cruel. Mas é ainda melhor quando alguém gosta de nós. Quando esse alguém está disposto a gostar das nossas coxas recheadas. Quando esse alguém não se importa com as nossas unhas mal pintadas. Quando a nossa borbulha no nariz não o incomoda. Quando essa pessoa está disposta a ouvir os nossos "melodramas" ou as nossas euforias momentâneas. Quando essa pessoa está lá, só está. Esse gostar é bom, muito bom.. Mas, por vezes, também traz insegurança, tristeza, medo ou incerteza. O importante é que tudo isso passe. Passe a insegurança, a tristeza, o medo ou a incerteza. O gostar quando é verdadeiro volta sempre, independentemente de qualquer "pedrinha". Por isso, não te  esqueças de voltar. Nunca.

N.Vieira

domingo, 29 de maio de 2011

O amante

"Ter um amante  é (...) ter o orgulho de possuir um segredo; (...) é estar numa sala cheia de gente, e vê-lo a ele, sério e indiferente, e só eles os dois estarem no encanto do mistério; (...) é estar triste por ideais amorosos; (...) é a felicidade de andar melancólica no fundo de um cupé".

Eça de Queirós, Farpa LXXXV, in Uma Campanha Alegre

sexta-feira, 27 de maio de 2011

a vez dela

Nem sempre acreditava no amor. Achava que essas coisas só aconteciam aos outros. Custava-lhe sonhar com o seu próprio conto de fadas. Todos os dias acordava e pensava "hoje não vai ser o dia". Via os outros submersos nas suas telenovelas meio mexicanas, meio apaixonadas. Nunca pensava no dia em que alguém pudesse aparecer na sua vida. Era realista ao ponto de pensar que nenhuma alma se iria interessar por si. Mas.. Às vezes sonhava com o dia em que chocava no metro com "ele". De vez em quando acreditava que o interesse por si ia surgir. Tentava, por vezes, acreditar que esse alguém não iria ser intimidado pela sua timidez e iria lutar, lutar por ela. Pensava que, mais tarde ou mais cedo, "ele" iria aparecer, independentemente do seu passado, das suas antigas histórias de amor e de todos os seus defeitos. Algumas vezes, era invadida pela possibilidade de, num futuro mais próximo, ser a sua vez, a sua vez de ser "feliz". Aconteceu. Não esperava. Foi apanhada de surpresa. Se foi bom? Ela diz que sim. As coisas aconteceram como tinham de acontecer, sem ninguém esperar. Não foi o choque no metro, mas foi bom, muito bom. Agora? Agora vai aproveitando cada dia que passa, como se o tudo de hoje aniquilasse o nada de amanhã. Porque a vida é assim, e, tal como ela diz, quando menos esperamos coisas boas acontecem.

N.Vieira

sábado, 21 de maio de 2011

"Vozes e outras"

A cabeça que rodava. A voz que chamava. A perseguição constante que não a deixava ir. A crença no santo que a salvava de qualquer coisa. A biblia que não largava. A escova de dentes que servia para escovar o cabelo. A colher de sopa que ajudava a lavar o corpo. A rápida demonstração de afecto pelo pai. O ódio inesperado pelo pai anteriormente amado. A crítica à mãe. O choro de saudade da mãe que a abandonou. O "sim" seguido do "não" e do "talvez".  A vontade de ir para Milão amanhã, mas o medo de andar de avião de ontem. Começava perseguição do homem da esquina. Continuava o medo do homem da esquina . Já não saía de casa devido ao terror de ser raptada pelo homem da esquina. O mundo da Alice governava. O coelho da páscoa, o pai natal, o João Pestana, o Johny Bravo, todos eles ganhavam forma e viviam com ela no seu quarto, no seu espaço. Foi forçada a sair de casa. Obrigavam-na a ficar junto de outros, outros "iguais a ela". Tinha dias bons e dias maus. Chorava. Sentia falta do santo, da biblia, do coelho da páscoa e até do homem da esquina. Aos poucos passava. Hoje, sabe que é Joana e que sem os comprimidos não é Joana mas sim "a doida do 5º esquerdo". Quando passa na rua ainda ouve: "o que a esquizofrenia faz às pessoas"...

N.Vieira

quarta-feira, 18 de maio de 2011

turbilhão

O aperto no estômago. O frio na barriga. O arrepio no braço esquerdo. O sorriso parvo. O nariz enrugado. Os dedos dos pés entrelaçados. A mão com o ligeiro tremor. Os olhos fixados no mesmo ponto do horizonte. O sorriso envergonhado. O coração acelerado. A conversa nervosa. O diálogo infinito. A palavra que não quer sair. A ideia permanente. A mente que divaga. O sentimento de medo. A incerteza em arriscar. A vontade de tentar. O receio de falhar. A certeza constante. A tristeza momentânea. O ciclo do sentir. A verdade que persegue. A sinceridade necessária. A novidade maravilhosa. O eu que acredita. 
Tudo isto é real, tudo isto é agora, tudo isto é vida!

N.Vieira

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Um numa

Um momento num sopro. Um sopro num segundo. Um segundo na vida. Uma vida num dedo. Um dedo num corpo. Um corpo numa mesa. Uma mesa num lar. Um lar num mundo. Um mundo numa palma da mão. Uma palma da mão numa vontade de conseguir. Uma vontade de conseguir numa perda do medo. Uma perda do medo numa coragem inesperada. Uma coragem inesperada num dia de sol. Um dia de sol numa esplanada à beira-mar. Uma esplanada à beira-mar num acto de saudade. Um acto de saudade num tempo infinito. Um tempo infinito numa noção esquecida. Uma noção esquecida num querer verdadeiro. Um querer verdadeiro num acontecimento mágico. Um acontecimento mágico num sonho meu. Um sonho meu numa realidade possível. Uma realidade possível num olhar de esperança. Um olhar de esperança numa satisfação adquirida. Uma satisfação adquirida numa mente que divaga. Uma mente que divaga num ser inconformado. Um ser informado num eu que não desiste. 

N.Vieira

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vergílio e a vida

"Vive a vida o mais intensamente que puderes. Escreve essa intensidade o mais calmamente que puderes. E ela será ainda mais intensa no absoluto imagináio de quem te lê.", Vergílio Ferreira
Porque a vida não tem qualquer sentido, mas também tem todo o sentido do mundo. Porque a vida é para ser vivida com intensidade, mas com calma. Porque na vida precisamos uns dos outros, ou porque na vida não precisamos de ninguém. Porque a vida traz muitas surpresas, ou porque a vida não traz absolutamente nada de novo. Porque para mim a vida é tudo, mas para ti a vida pode não ser nada. Mas a vida é a vida e não há nada que a mude.

N.Vieira

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Quando apago a luz

Apaguei a luz. Estavas ali, bem junto a mim. As tuas mãos eram as mesmas, fortes e grandes. Os teus dedos continuavam compridos mas suaves. A tua respiração estava, como sempre, ofegante. A tua boca colada ao meu pescoço, sabendo perfeitamente que estava a criar o arrepio habitual. O teu coração, sem excepção, batia a mil à hora. A tua barriga pregada à minha mão. As tuas pernas entrelaçadas. Os teus pés enrolavam-se nos meus, procurando esquecer o frio que os envolvia. Os teus dedos dos pés enroscados uns nos outros, tentando apagar a solidão que os perseguia. Os teus pensamentos envolviam o escuro, não deixavam o sono aparecer, eram como uma prisão. E eu? Eu deixava-me levar pelo escuro, pelas mãos, pelos dedos, pela respiração, pela boca, pela barriga, pelas pernas, pelos pés, pelos dedos dos pés e ainda pelos pensamentos. Não resistia, não lutava, deixava-me ir… Até ao ponto em que acendi a luz e tu já não estavas lá. Tinhas sido vencido pela prisão de pensamentos que te obrigava a ir, que não te permitia ficar. Agora? Agora, quando apago a luz, já nem no escuro apareces.

N.Vieira

sexta-feira, 22 de abril de 2011

lá fora

Como se lá fora o mundo estivesse parado. Como se não se ouvisse o som de um único pássaro. Como se não se visse nenhum carro a passar. Como se tivesse parado de chover. Como se o vento não soprasse mais. Como se uma nuvem de magia se apoderasse do resto do dia. Como se não se visse absolutamente ninguém na rua. Como se todas as lojas estivessem fechadas. Como se as janelas estivessem seladas. Como se todas as portas estivessem trancadas. Como se cada pessoa se escondesse do mundo. Como se cada um de nós  se guardasse na sua casa. Como se cada individuo se amasse no seu interior. Como se a partilha não saísse de quatro simples paredes. Como se o sentimento exterior fosse veneno. Como se o ar faltasse. Como se as mãos ficassem geladas. Como se os dedos perdessem a mobilidade. Como se o cérebro deixasse de raciocinar. Como se os olhos se fechassem lentamente. Como se o coração deixasse de bater. Como se o meu eu  nunca deixasse de existir. Como se o teu  eu permanecesse inteiro. Como se o nosso nós  fosse eterno. Como se o que se passa lá fora e o que se passa cá dentro nunca mudasse. 

N.Vieira

Surpreende-te

O destino surpreende-me. A vida surpreende-me. Eles surpreendem-me. Vocês surpreendem-me. Tu  surpreendes-me. O que sinto? Na verdade, sinto um turbilhão de coisas. Mil e um sentimentos que me invadem a todo o instante, mas que nem por isso são maus. Por isso chego à conclusao de que é bom acordar e ser surpreendida, é bom adormecer e ser surpreendida, é bom sonhar e ser surpreendida, é bom viver e ser surpreendida. Porquê? Porque aquilo que nos surpreende tem mais impacto, mais magia, mais interesse, mais realidade, mais irrealidade, mais verdade. Como? Com um pensamento surpreendente, com uma fala surpreendente, com um sorriso surpreendente, com umas mãos surpreendentes, com uma boca surpreedente, com um ser surpreendente. E agora? Agora sou surpreendida a todo o instante. Agora procuro o surpeendente, Agora não tenho medo do surpreendente. Agora vou encontrar o surpreendente. Agora vou ser o surpreendente.

N.Vieira

terça-feira, 19 de abril de 2011

não gosto

Não gosto de muita coisa. Não gosto de tabaco, de ginja, de figos e de coelho. Mas a comida é só uma pequena parte das coisas de que não gosto. Não gosto de dormir com os pés destapados, se o fizer parece que me falta o "chão". Não gosto de sair de casa de cabelo molhado, as pingas que escorrem constantemente pelo meu cabelo molham tudo à minha volta. Não gosto de ver filmes de terror, quando o faço penso sempre: "Muito bem N, lá foste tu, mais uma vez, armar-te em forte". Não gosto de que me elogiem demasiado, acho que os elogios quando são feitos a toda a hora perdem o seu verdadeiro valor. Não gosto de ver filmes com intervalo, acho que a sequência do filme é quebrada. Não gosto de telemóveis touchscreen, fico tempo a mais a escrever o que quer que seja. Não gosto do vento, leva tudo o que nos rodeia e, a maior parte das vezes, não traz nada de volta. Não gosto de ver reality shows, exploram em demasia a vida das pessoas. Não gosto de hospitais, trazem más recordações. Não gosto de perder amigos, fazem sempre falta. Não gosto de dizer as coisas da boca para fora, é uma acção que consegue trazer consequências desagradáveis. Podia ficar aqui mais tempo a pensar em coisas das quais não gosto mas é sempre melhor ocupar o meu tempo a pensar nas coisas de que gosto e a vida é uma delas.

N.Vieira

domingo, 17 de abril de 2011

pensar

Ás vezes penso na vida. Penso em tudo aquilo que ela nos oferece. Penso em tudo aquilo que ela nos tira. Penso nas coisas boas que nos podem acontecer. Penso nas coisas más que, por vezes, tendem a aparecer. Penso no porquê de certas coisas serem tão complicadas. Penso que tudo poderia ser mais simples. Penso em como gostava de poder fazer algo. Penso que queria esforçar-me mais. Penso que queria ser mais forte. Penso que queria preocupar-me menos. Penso em pensar menos. Penso em deixar-me levar. Penso na forma como faço as coisas. Penso nas pessoas. Penso na pessoa. Penso na forma como vocês  fazem as coisas. Penso em como aquilo que vocês  fazem me afecta. Penso em ti. Penso em como ás vezes seria mais fácil não pensar em ti. Penso em mim. Penso em como seria mais fácil não pensar em mim. Penso nas voltas que a vida dá. Penso nas voltas que a vida não dá. Penso no tempo. Penso no tempo que perco a pensar, e por isso páro. Por vezes, parar de pensar é mesmo o melhor. Acho que é isso que vou fazer agora: parar de pensar.

N.Vieira

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Acaso

O acaso que me surpreende. O acaso que me deixa feliz. O acaso que todos os dias me preenche. O acaso que, muitas vezes, não me deixa ser quem sou. O acaso que me consegue pôr em baixo. O acaso que nunca me desiludiu. O acaso que sempre esteve presente nos momentos mais importantes. O acaso que me desperta para algo novo. O acaso que me consegue levar a pensar diferente. O acaso que tem a capacidade de me influenciar. O acaso que é bom. O acaso que pode ser mau. O acaso que não é doloroso. O acaso que é cruel. O acaso que me faz tão bem. O acaso que está sempre aqui. O acaso que tu  foste. O acaso que eu  fui. O acaso que nós  fomos. O acaso que toda a minha vida é.

N.Vieira

quinta-feira, 14 de abril de 2011

vamos errar

Errar? Sempre ouvi dizer que errar é humano. Não ponho, nem nunca pûs, esta questão em causa. Todos somos seres humanos e, como tal, podemos errar. Ás vezes é mesmo preciso fazê-lo. Porquê? Porque não somos perfeitos, porque temos a necessidade de aprender com os nossos erros, porque um erro pode dizer muito sobre nós e porque um erro não faz de nós más pessoas.Se gosto de errar? Quem gosta? Ninguém. O erro é algo que nos custa, que à primeira vista não nos leva a conclusão alguma, que no geral não é bem aceite. Mas, nem por isso é algo mau. Precisamos de errar. E, por vezes, sabe tão bem errar, sabe tão bem fugir à monotonia da nossa vida e, pelo menos uma vez nada vida, arriscar. Já que somos seres imperfeitos, que não conseguem escapar da inevitabilidade do erro, vamos tirar dele o melhor possivel. Sim sim, aprender com ele e tal, essas tretas  muito bonitas que toda a gente sabe. Mas, vamos tirar dele a experiência, o desejo do proibido, a magia de algo novo. Por isso, que tal um pequeno  erro agora?

N.Vieira

terça-feira, 12 de abril de 2011

um dos melhores

Quando me pedem para falar deste filme nunca consigo transmitir aquilo que realmente senti. Surpresa? Suspense? Simpatia? Medo? Dúvida? Amor? Fantasia? Sim, senti isto tudo. Podia ficar aqui um dia inteiro a descrever tudo o que senti, a enumerar as partes que mais gostei, a revelar o segredo do filme, a destacar personagens que me preencheram. Não o vou fazer. Acho que a mensagem do filme deve ser compreendida pela própria pessoa. Porquê? Porque todos nós vivemos, em algum momento da nossa vida, histórias fantasiadas, incertezas estúpidas, repugnância de alguém que mal não nos quer, ou medo de descobrir algo que não queriamos. Mas, sou suspeita. Gosto de todos os filmes do Tim Burton. Sou contagiada pelo irreal dos seus filmes, mas um irreal que se quer viver, custe o que custar. Big Fish, é sem dúvida uma das melhores coisas que já vi.

N.Vieira

teoricamente falando

Não me canso de falar. É a mais pura das verdades. Sou uma amante da fala, do som, do sentido, da cor, da magia das palavras. Não há nenhum dia em que não acorde e não pronuncie uma única palavra, mesmo que essa palavra seja para resmungar ou responder mal. Acho que nasci a falar, só pode. Mas, falando de coisas sérias, acho mesmo que a fala é sem dúvida uma das mil maravilhas do mundo. Já viram como ao falar podemos fazer tanta gente feliz ou infeliz? Como uma simples palavra pode mudar o mundo? Ou como o som que saí da nossa boquinha é capaz de fazer alguém rir? E como a pronunciação de uma palavra pode dizer tanto sobre nós? Às vezes nem é preciso que o nosso discurso seja muito longo, porque na realidade conseguimos dizer muitas coisas em poucas palavras, às vezes até só numa única palavra. Por isso mesmo, acho que vivo no mundo das palavras. Sou daquelas pessoas que têm de falar, que não consegue estar calada, que sente a necessidade constante de dizer algo. E pior, quando estou nervosa falo a dobrar. Eu sei que muitas vezes nem é preciso dizer nada, existem actos que valem por si só. Mas, é tão bom escutar alguém a dizer ''gosto de ti'', ou alguém a fazer-nos ver as coisas com estas quatro simples palavras ''acorda para a vida'', ou  um mero ''obrigado'' que pode significar tanto. E mais? Por agora acho que é tudo portanto o melhor é mesmo calar-me, shiu!

N.Vieira

segunda-feira, 4 de abril de 2011

lucidez

Sou invadida por um turbilhão de sentimentos e pensamentos. A dor de pensar a verdade custa. A dor de enfrentar a mentira não é fácil. A dor de lembranças perdidas no tempo é deprimente. A dor de gostar de alguém corroi. A dor de perder alguém é veneno. A dor de ser quem sou pode ser destruidora. Mas.. a recompensa é bem recebida. Uma palavra com sentimento vale pelo mundo. O gosto pela vida é reconfortante. A forma como nos olham pode ser mágica. A maneira como nos falam é sempre, ou quase sempre, verdadeira. O meu eu é exactamente aquilo que sou. A minha lucidez custa, mas faz-me ver as coisas tal como elas são. Esses pensamentos e sentimentos que me invadem a todo o instante fazem parte de um alguém que quer e não tem medo de ser lúcido. Porque a lucidez pode ser crua e fria mas é real e isso é o mais importante.

N.Vieira

quinta-feira, 31 de março de 2011

Explosão necessária

Tenho de explodir. Porque hoje senti que, por vezes, vivo demasiado no meu mundinho perfeito e me esqueço de que lá fora está a realidade. A realidade que não quero aceitar. Uma realidade onde meninas, sim porque é isso mesmo que elas são, sofrem de mutilação genital todos os dias. A realidade que tem pessoas com mais de quarenta anos que não sabem escrever ou que possui jovens de 14/15 anos que não podem ter uma vida minimamente normal porque nem o seu nome sabem escrever. A realidade onde opções alheias determinam a vida de outrém. Uma triste realidade onde a liberdade de expressão e um simples ''não'' são ignorados. A fria e crua realidade de pessoas que não conseguem sequer ler os rotúlos das embalagens de um supermercado porque simplesmente não sabem ler. É esta realidade, tão deles mas tão nossa, que me faz ver a necessidade de se dizer, investigar e mostrar certas coisas. É o contacto com este tipo de realidades que me faz sentir pequenina, que me aperta o estômago, que me corroí por dentro. Mas, são este tipo de sentimentos que, depois, me fazem querer mudar. Mudar-me a mim e tentar mudar os outros. Há coisas que não podem ser alteradas mas outras podem. São nessas coisas que podemos mudar em que devemos apostar. Porque hoje podemos ser confrontados com realidades que nos magoam, mas  amanhã é um novo dia e essas realidades podem, e devem, ser alteradas. Explodi, tinha de explodir.

N.Vieira

terça-feira, 29 de março de 2011

O mistério do par

Fecho os olhos. A imagem de uma mão foi inevitável. Inesperadamente surge a outra mão. Um olho aparece. Sem querer um outro olho invade a minha mente. Um ouvido.. mais tarde outro ouvido. Abro os olhos, e estupidamente chego sem querer à conclusão de que tudo tem um par. Seja um par de mãos, olhos, ouvidos ou pernas. Mas, fugindo à fisionomia do corpo humano, tudo o resto no mundo também tem um par. Uma cadeira há-de combinar sempre com uma mesa, um copo não serve para nada se não tiver qualquer tipo de bebida lá dentro e o mar não teria a mesma beleza se não tivesse a areia à sua volta. E nós seres humanos, será que também temos um par? Sinceramente.. eu acho que sim. Que sentido teria a vida se cada um de nós não tivesse outro alguém que combinasse exactamente connosco? Todos temos um par, ou dois pares, ou três.. na minha opinião, somos um ser que pode combinar com mais do que um par. Uma filha combina com a mãe, um irmão combina com outro irmão, um amigo precisa de combinar com outro, eu tenho a necessidade de combinar contigo. Para tudo aquilo que o mundo criou, criou um par correspondente. E, é esse mesmo par que dá significado àquilo que nós e eles representam. Claro que uma pessoa, um objecto ou um sentimento tem valor por si só, mas será que o seu valor não dobra quando encontra um par que o complementa? Um par capaz de fazer o sentido alargar, capaz de dar cor a tudo o que o rodeia, um par que no seu conjunto se torna, dentro do possivel, perfeito. E, é isto.. hoje, acredito que um par torna tudo melhor. Amanhã? Amanhã logo se vê.

N.Vieira

sexta-feira, 25 de março de 2011

O mundo do ''se''

E se? Eis a questão que permanentemente invade o dia-a-dia de um ser humano desconcertante e insatisfeito como eu. Questões e possibilidades que nos levam a perder meses, dias, horas, minutos e segundos da nossa vida. Uma busca constante de uma resposta a uma questão que, a meu ver, parece impossivel de obter. A inevitabilidade de pensarmos ''E se não tivesse comido o que comi?'', ''E se José Sócrates não tivesse sido eleito Primeiro-ministo??'', ''E se eu não lhe  tivesse dito o que sentia?'', ''E se eu não fosse tal e qual como sou?''.. Não passam de ''se'' e mais ''se'' que, em vez de me transmitirem algum controlo, só me fazem mergulhar num mundo do imaginário que, provavelmente, nunca vou conseguir atingir. 
Apesar de tudo, é raro o dia da nossa vida em que não nos questionamos com aquilo que poderiamos ter dito ou feito. Nós, os seres humanos, nunca estamos realmente satisfeitos. Temos sempre a necessidade de pensar naquilo que poderia ter acontecido, ou não, se algo não tivesse acontecido. É esta insatisfação que muitas vezes leva a uma vida de incertezas e inquietações que não nos deixam viver plenamente.
Sim, eu sei que é impossivel não sermos invadidos pelo mundo do ''se'' e mais ''se'', mas há uma necessidade de conseguir seguir com a nossa vida independentemente das probabilidades existentes. Aquilo que acontece é porque tem de acontecer. Aquilo que dizemos tem de ser dito. Aquilo que fazemos tem de ser feito. E, não vale a pena ficarmos submersos nesse mundo de possibilidades que, afinal de contas, não nos levam a lado nenhum. Mas como disse uma vez o outro, é bom sonhar, é bom questionar.. por isso, não o deixem de fazer, porque eu, com certeza, não o vou fazer.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ela ladra, mas não morde!

Feira da ladra,  Esta é sem dúvida uma feira da qual todos ouvimos falar frequentemente. Mas será que quando nos pronunciam tal feira não a julgamos da pior maneira? Isso é o que pretendo descobrir!
A feira localiza-se no Campo de Santa Clara, em Lisboa, e funciona todas as terças-feiras e sábados. Desde manhãzinha até ao final da tarde qualquer um de nós pode deslocar-se até ao local em que a feira se realiza e ser deslumbrado pelos panos que se encontram espalhados pelo chão e pelos objectos de segunda mão. Entre estes objectos podemos encontrar móveis, livros, revistas, roupas, discos de vinil, quadros, etc.
O segredo da ida a esta feira é: não questionar a origem dos objectos. São objectos de valor, de qualidade, com uma beleza inesgotável e extremamente úteis. Por isso mesmo, nesta feira a origem é algo que tanto os compradores como os visitantes devem ignorar, ou pelo menos tentar fazê-lo.
Portanto, se és uma pessoa sem receios e com uma mente aberta do que estás à espera? No próximo sábado, corre até à famosa paragem do eléctrico 28, no Arco de São Vicente. Desde o inicio da rua do Arco até ao mercado vais ser deslumbrado por bancadas com os mais diversos objectos, e quem sabe não sairás de lá com uns brincos retro, um bibelot ou algum objecto extremamente antigo. Não receies mais, a feira, que não morde, espera por ti!

''Pago na mesma moeda''

Sempre ouvi dizer que aquilo que fazemos aos outros volta para nós de igual forma e intensidade. Ainda era pequena e a minha mãe dizia ''N. não faças isso aos teus amigos, olha que depois todo o mal que lhes fizeres volta todo para ti''. Mas, como pequena irrequieta, não ligava. Continuava a fazer as traquinices de uma criança normal. Se o mal ou  partidas parvas que fiz voltaram para trás não me lembro.
Hoje, com 19 anos, acredito cada vez mais no karma. Não tenho receio de afirmar que o mal que fazemos ou que nos fazem sabe qual é ''o caminho exacto para a sua casa''. A reacção à acção tomada pelas pessoas em questão pode não ser conhecida pela sua rapidez, mas, meus amigos, acreditem que é eficaz. Se o vosso amigo se ri porque vocês caíram, não duvidem que, mais cedo ou mais tarde, esse mesmo amigo irá dar uma queda à vossa frente. Ou, não desconfiem de que o ''mal'' que o Sócrates fez ao país irá voltar para o sitio de onde veio. Uma cobra venenosa roubo-vos a ideia para uma reportagem ou de uma ideia criativa para uma campanha publicitária? Não se preocupem, o mal que fazemos aos outros é ''pago na mesma moeda''.
No futuro, não vou mudar esta minha opinião acerca do karma. É impossivel que tudo aquilo que nos fazem, seja mau ou bom, não volte para a sua origem. Quer dizer, é mais fácil acreditar que quem faz coisas boas  é recompensado e que os individuos gananciosos e maldosos recebem em troca todo o mal que fizeram a outrém. Lá está a dita ''fraqueza'' do ser humano.. um ser incapaz de acreditar na injustiça das coisas. Um ser que não tem dúvidas que mais cedo ou mais tarde alguém irá ser louvado ou odiado pelas suas acções. E, no dia de hoje, José Sócrates é um exemplo disso mesmo. Um homem que fez trinta por uma linha e o que lhe aconteceu ontem e continua a acontecer hoje e, com certeza, irá acontecer amanhã? Ontem, hoje e amanhã José Sócrates recebe ''de volta'' todo o mal que fez aos portugueses.
Mas, não quero acabar esta minha linda reflexão a falar deste senhor. Quero sim sublinhar que, ontem, hoje e amanhã tudo o que darei aos outros é o melhor de mim. Por isso mesmo aquilo que vou receber é (supostamente) o melhor dos outros, porque o que dou é pago exactamente na mesma moeda. E isto, meus amigos, é o belo e implacável Karma.

domingo, 20 de março de 2011

Vá, só para terminar bem esta noite de domingo..

Cansada

Hoje estou cansada. Cansada de ouvir falar sobre o PEC e a possivel crise política a que este belo ''documento'' pode levar. Cansada de ouvir falar na central nuclear de Fukushima e nos seus reactores. Cansada da situação na Líbia e do lider Kadafhi que teima em permanecer no poder. E é isto, meus amigos. É domingo à noite e eu estou cansada com tudo aquilo se que passa no meu pobre  país e no mundo. Infelizmente, este não é um dia em que penso positivo. Penso que o meu país não vai sair da cepa torta, que a situação na Líbia ainda vai dar pano para mangas e que o Japão precisa de ter muita coragem e de acreditar que no final vai correr, vai ter de correr, tudo bem. Este é o meu cansaço, um cansaço normalíssimo de domingo à noite, pena é ser meu.

N.Vieira

sexta-feira, 18 de março de 2011

M de morte

Tenho medo da morte. Não penso no verdadeiro sentido desta palavra e, talvez por isso mesmo, nunca tivesse chegado à conclusão de que sim, tenho medo da morte. A ideia do medo do desconhecido é algo que nos transmite uma sensação de terror. A morte é isso mesmo, o desconhecido. Mas, para mim, é um desconhecido demasiado obscuro. O meu medo é maior quando penso em tudo aquilo e todos aqueles que deixamos para trás quando partimos (odeio a palavra partir, é demasiado impessoal, fria). A verdade é que todos os dias falamos de pessoas que morreram ou recebemos a notícia de alguém de quem gostamos muito que morreu. Apesar disso, pelo menos no meu caso, quando oiço este tipo de coisas acho que não penso no real valor desta palavra: Morrer. E se agora o meu pai morresse? E se eu morresse? Como seria para aqueles que cá ficam? O que aconteceria à minha alma (se é que a tenho)? Não passam de perguntas às quais eu não consigo obter uma resposta concreta. E, eu sei que é bastante estúpido ter medo do desconhecido, pois esse desconhecido tanto pode revelar-se algo bom ou mau. Mas, nem por isso deixo de ter medo da morte. Não tenho propriamente medo do acto em sim, mas de tudo e todos aqueles que ele implica. Quando acordo nunca penso que este pode ser o meu, o vosso ou o último dia deles. A verdade é que pode ser. Como ser humano que sou, escolho sempre o caminho mais fácil, o caminho de acordar todas as manhãs e fugir a sete pés da frase ''este pode ser o meu último dia''. Pensar na morte não é, nunca é o caminho mais fácil. Por isso mesmo eu, e talvez muitas outras pessoas, evito pensar na morte. Não porque ela implica uma data de coisas, mas sim porque tenho medo, tenho medo dela.

N.Vieira

(Nota: Eu li as Intermitências da Morte de José Saramago. Amei o livro e  vi um outro lado da morte, mas mesmo assim não deixei de ter medo dela)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Foi por isto que EU fui para jornalismo

Segundo uma notícia publicada no Público online, ''ter um mau emprego pode deprimir tanto como estar desempregado''. Eis aqui a resposta a todos os meus problemas. Quando dizia às pessoas que queria seguir jornalismo deparava-me, na maior parte das vezes, com a seguinte expressão: ''Oh minha querida, com tanto desemprego por aí ainda vais tirar um curso desses?!''. E sim, fui tirar um cursos DESSES. Sabem porquê? Porque era exactamente aquilo que eu queria fazer. É uma profissão que tem tudo a ver comigo, que me compreende, me possibilita um milhão de coisas fascinantes e que me ajuda a crescer todos os dias. Portanto, eis o meu espanto/contentamento quando ''dei de caras'' com uma notícia do Público, baseada num estudo publicado pela revista ''Occupational and Environmental Medicine'', que referia o facto de um emprego mal pago, insatisfatório, demasiado exigente e mau ''em termos psicossocias'' ter efeitos depressivos mais agravados do que o desemprego. Por isso mesmo posso dizer que, preferi ir para jornalismo porque é um curso de que eu gosto. Eu, mais que todas essas pessoas que proferiam tais comentários, sei que encontrar trabalho não vai ser fácil mas a verdade é que quando fazemos uma coisa da qual gostamos a motivação é uma constante. E, se algum dia me virem deprimida, com certeza, não vai ser porque estou desempregada.. mas sim porque tenho um trabalho do qual não gosto.

N.Vieira
Fonte: http://www.publico.pt


O jornalismo na vida de uma bailarina

Aos dez anos, Ana Robalo sonhava com o mundo competitivo do ballet e com a oportunidade de ser contratada por uma das melhores companhias de bailado do mundo. Hoje, aos 19 anos, o sonho é outro: ingressar no mundo competitivo e fascinante do jornalismo.
Os olhos castanhos desta estudante de jornalismo brilham quando fala de ballet e quando relembra os muitos anos que dedicou a esta arte. Apesar disso afirma ‘’Agora, o jornalismo é a minha aposta a dança passou para segundo plano’’. A residente de Oeiras não hesita um segundo em dizer ‘’Vejo mais hipóteses de vingar no mundo do jornalismo do que no do ballet’’.
A escolha do curso não foi difícil pois afirma ser uma pessoa fascinada pelo mundo da televisão e das letras. O jornalismo foi, segundo Ana, ‘’a profissão que englobava as duas coisas e daí ter parecido a opção mais acertada’’. A jovem, que sonha em poder trabalhar no mundo da televisão ou das revistas de moda e cultura, não teme em afirmar que à medida que o curso tem avançado os obstáculos têm sido mais e maiores. No entanto, o desafio e deslumbramento constante não a deixam desistir e todos os dias lhe dão a força de vontade de singrar neste ramo.
‘’Acho que sou uma pessoa muito justa porque consigo ver sempre os dois lados das situações’’, conta. Ana considera esta a profissão ideal para si por ser uma pessoa que consegue, tal como em todas as outras situações, encontrar no jornalismo o seu lado bom e mau. A realidade é que esta aluna de jornalismo sempre lidou com o mundo competitivo do ballet mas nem por isso desistiu do seu sonho. O mesmo se aplica ao jornalismo, pois Ana sabe que a competitividade vai ser uma constante na sua vida mas afirma que ‘’sempre aparecerão coisas boas que me vão prender a esta profissão’’.
A irmã mais velha de três irmãos revela ainda não ter notado muitas diferenças na sua relação com os outros mas espera que o jornalismo a ajude a tornar-se numa pessoa mais objectiva relativamente àquilo que quer. Agora, esta apaixonada por ballet, afirma estar mais atenta a tudo o que a rodeia e a sua preocupação com os problemas mundiais é frequente.
Todos os dias, Ana vai para a faculdade e revela ser invadida pelo mesmo pensamento ‘’o conjunto de esforço e fascínio é o segredo para singrar no mundo do ballet e jornalismo’’. Para Ana, o mundo da dança ficou para segundo plano, dando, assim, a oportunidade ao mundo do jornalismo.

N. Vieira
(Perfil elaborado na disciplina de Laboratório de Génereos Jornalísticos)

segunda-feira, 14 de março de 2011

zapping

Uma noite de domingo normal. Acabada de chegar da terrinha e sem paciência para falar sobre todos os males que têm vindo a afectar o Japão, a manif de ontem, o movimento que surgiu no facebook que visa obter um milhão de apoiantes para a demissão do Governo e a paralisação de camionistas que provavelmente irá afectar todo o país. Visto isto, ligo a televisão. A RTP1 é sempre o primeiro canal. Deparo-me com um daqueles filmes de bolinha vermelha. Imediatamente penso que a minha noite não vai melhorar, antes pelo contrário, se o continuar a ver. Segue-se a RTP2 e a Câmara Clara. Hoje não estou muito virada para uma noite de cultura e bom senso por isso opto por, mais uma vez, mudar de canal. Eis que chego à SIC e a conclusão de que Portugal possui mesmo muito pouco talento é inevitável. Infelizmente, tive a triste ideia de ver o que se andava a passar na TVI. Agora é que fiquei mesmo arrependida. Um programa que ''se aproveita'' do sonhos de umas pobres criancinhas que só querem cantar?! O zapping chega ao fim. Com ele vai a minha confortável noite de domingo. Só ficou mesmo a vontade de dormir, dormir na esperança de amanhã as coisas correm melhor na plataforma televisiva. Esperemos que um dia eu e todos os meus colegas tenhamos a possibilidade de fazer algo de diferente e com qualidade por estas nossas noites de televisão portuguesas. Um dia será a  noite, eu sei.

N.Vieira

sábado, 12 de março de 2011

Verdade nua e crua

''Somos feitos de carne mas temos de viver como se fossemos feitos de ferro" Sigmund Freud

acordar, viver, adormecer

Um dia acordei. Acordei e percebi o quanto me fazias falta, o quanto eu gostava de ti, o quanto queria ter um futuro contigo, o quanto eras importante para mim, o quanto pensava num nós. E depois? Tinha medo. Tinha medo de uma relação,  medo de não dar certo,  medo de arriscar,  medo de mim, medo do sentimento, medo de me magoar e de te magoar, medo do medo. Arriscar? Por vezes trata-se de arriscar, para sentir, para gostar, para ser feliz, para fazer feliz, para sentir-me em ti, para te sentires em mim, para tudo. Custa? Custa muito, luta-se muito, tenta-se muito, sofre-se muito, procura-se muito, ri-se muito, perdoa-se muito, gosta-se muito. Vale a pena? Vale sempre a pena, porque é bom, é maravilhoso, é mau, é doloroso, é questionável, é duvidoso, é chato, é cansativo, é amor, é vida! E no fim? No fim não se sabe, não se tem a certeza, não se tem dúvidas, não se magoa, não se separa, não se chora. Voltei a adormecer. Voltei a sonhar contigo, connosco, com o essencial, com o abraço, com o beijo. Enfim, percebi que não há fim, todos os dias há um começo.

N.Vieira

Não sei o que é o amor

Amor? O que é isso na realidade? Um dia acordo e acho que amor é aquilo que sinto pelos meus pais, aquele sentimento demasiado forte impossivel de explicar. Outro dia acordo e acho que amor é aquele bichinho carpinteiro no meu estômago que me invade cada vez que tu  passas. Um novo dia vem e o amor passa a ser a vontade de esmurrar o meu irmão porque deixou, mais uma vez, a tampa da sanita para cima ou aquele cafezinho rápido, mas nem por isso menos bom, com a irmã mais velha. Mais um dia passa e o amor  parece ser aquele aconchego no coração cada vez que os amigos me demonstram que afinal a verdadeira amizade ainda existe. Um dia vou no metro e afinal percebo que o amor é aquele casalinho de surdos-mudos que falam como se não houvesse amanhã. O dia é ainda uma novidade e o amor passa a ser os dois gatos do meu quintal que se lavam um ao outro num acto de extrema paixão. Ainda é de dia e volto a mudar de opinião sobre o amor, agora é um abraço entre a avó e a neta que passeiam no jardim. O dia está mesmo a terminar e volto a compreender que o conceito de amor mudou, ele agora representa o sorriso constrangedor e proibido do João para o Pedro. Mas.. será que o amor é composto por uma pluralidade de definições que no final de contas não significam absolutamente nada? Talvez. A verdade é que o amor talvez represente isto tudo mas continuo a não saber o que é o amor, porque para mim ele pode ser tudo mas também pode ser nada. Lá está, não sei o que é o amor mas nem por isso o deixo de sentir.

N.Vieira

sexta-feira, 11 de março de 2011

À minha volta

Todos os dias acordo e o primeiro pensamento que me ocorre é: ''Este dia vai ser melhor''. Infelizmente, não posso dizer que todos os dias são melhores. Ou descubro que alguém de quem gosto mais do que tudo tem cancro. Ou me deparo com a notícia matinal de um sismo, seguido de um tsunami num dos países mais populosos do mundo. Ou começo a perceber que afinal as pessoas não são como parecem. Ou não compreendo como vivo num país que está em plena crise económica e que não é capaz de proporcionar as oportunidades que os mais jovens merecem. Ou chego à conclusão de que a vida consegue ser mesmo injusta. Mas será que nestas contradições de ou e mais ou algum dia vou conseguir perceber aquilo que se passa à minha volta, aquilo que se passa dentro do meu eu? Não sei.. por mais frustrante que seja não sei mesmo. Começo a acreditar que o mundo em que vivo consegue ser traiçoeiro, ameaçador, destruidor e cruel de um modo extremo. E o que ganho eu com esta ''brilhante'' conclusão? Pois é, podem dizer sem medo nem meio medo, não ganho absolutamente nada. Tal como Pessoa, sou dona de uma lucidez que me corroí, destroí e que nem por isso me faz feliz. Será que ao sermos plenamente conscientes daquilo que nos rodeia adianta de alguma coisa? Acho que, mais uma vez como Pessoa, nunca vou conseguir obter uma resposta definitiva a isso. Mesmo assim, todos os dias acordo com o mesmo pensamento porque deixar de acreditar é deixar de viver.

N.Vieira

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cegueira

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.’’
José Saramago, Apresentação pública do livro Ensaio sobre a Cegueira


Nunca tinha pensado no verdadeiro sentido da palavra cegueira até ao dia em que esta forçosamente se impôs na minha rotina. Acordo, com a ajuda da minha mão pego na bengala e dirijo-me por instinto à casa de banho. Agora já consigo tratar da minha higiene sozinha. Decorei qual é o lugar permanente dos champôs, da minha escova de dentes, do chuveiro e até do armário onde estão guardadas as tolhas de banho. Depois de superar um dos muitos obstáculos que enfrento todos os dias chego sempre à conclusão de que tenho fome. A cozinha fica mesmo ao lado do meu quarto e por isso a tarefa de chegar até lá é bem fácil. E vestir? Nem me digam nada… Sempre fui uma mulher vaidosa que planeava detalhadamente o que usar e como conjugar todas as peças de roupa. O meu mais precioso amigo, o tacto, adquire aqui um papel crucial pois é ele que, juntamente com as etiquetas em Braille que imperam no meu armário, todos os dias me ajuda a perceber se determinada peça de roupa fica bem com outra. Apesar disto ainda sinto a falta do pensamento que diariamente me ocorria quando me via ao espelho: ‘’Até estou bonita’’.Saio de casa. A bengala, aquele pau de ferro que costumam tratar como um objecto inútil, tornou-se uma das minhas melhores amigas e é com ela que me oriento até à escola de Braille. Adorava dizer que a escola é verde, espaçosa, cheia de quadros, que tem um jardim magnífico e que o porteiro Pedro é lindo de morrer. Não posso fazê-lo. Posso sim dizer que as paredes são frescas, talvez feitas de gesso. O chão é frio, algo que senti no dia em que decidi ir descalça depois de três longas horas à procura de qualquer tipo de calçado, e, com o ligeiro pó que se entranhou nas minhas unhas, talvez um pouco sujo. Não sei se a minha sala de aula é grande mas tenho a certeza de que o chão é alcatifado pois a sensação de algo brando debaixo dos meus pés não passa em vão. A professora Regina cheira a maçã verde, talvez utilize aquele perfume da DKNY característico pelo seu cheiro a maçã.Nunca fui de fazer amizades facilmente. Isso mudou. Fui para um local repleto de pessoas que passam as mesmas dificuldades que eu. Todos os dias nos rimos com os episódios insólitos de ou quase sermos atropelados pelo autocarro ou em vez do 714 apanharmos 750 e irmos parar a Algés. A indignação de cair numa poça de lama que ‘’se atravessou’’ no nosso caminho é algo que nos persegue mas nem por isso nos aguilhoa. Acho que me tornei numa pessoa mais sociável e em vez de escolher os meus amigos pela sua cor ou aparência comecei a fazê-lo pelo seu óptimo perfume ou pela sua voz suave que me acalma.Até aqui tenho dito somente coisas positivas acerca da minha cegueira, não é? Infelizmente, não posso dizer que tudo é um mar de rosas porque não é. Todos os dias levo encontrões, oiço comentários do género ‘‘Saí daí estúpida, olha que o carro te passa por cima’’ ou ‘’És cega ou quê?’’, mas nem por isso abdico da minha liberdade e continuo a andar sozinha na rua. Aliás, às vezes até reforço a ideia de que os verdadeiros cegos aqui são muitas dessas pessoas que me insultam pois ou não vêem ou teimam em ignorar as injustiças que vigoram na nossa sociedade. Voltando à minha cegueira, uma das coisas que me custa é não poder ver o azul do céu ou ver o meu namorado, nunca o vi. Tenho saudades de ver a minha mãe, o meu pai e os meus irmãos. Apesar disso quando toco na textura das suas peles e os distingo pelas suas diferentes tonalidades de voz é como se por momentos os estivesse a ver claramente. E coisas simples como ir ao cinema ou a uma exposição de pintura? Não é possível imaginar a falta que tudo isto me faz. Mas retornando àquilo que preenche os meus dias e como a minha mãe sempre disse que ter um hobby é bom para me distrair optei por experimentar a olaria. Descobri que não há nada melhor como sentir o fresco do barro a desfazer-se nas minhas mãos. A olaria foi uma prova de que ainda sou capaz de moldar coisas bonitas apesar de não as poder contemplar.Regresso a casa. Lá está o Miguel, o meu namorado, pronto para mais uma aula de culinária. Não deixei de cozinhar e agora até saboreio as coisas mais intensamente. Hoje em dia, reconheço os alimentos pelo seu cheiro e forma. Conhecem aquele mito que defende a ideia de que os cegos quando nascem ou perdem a visão ganham um super poder e puff os restante sentidos estão aprimorados? É mentira. Como tudo na vida implica esforço e dedicação. Por isso mesmo, afirmo que o meu olfacto e paladar estão bastante mais apurados devido ao treino constante e não a qualquer super poder que adquiri. É, então, o olfacto que me permite distinguir o açafrão, com um cheiro mais salgado, da canela que tem como característica o seu cheiro doce que se assemelha ao açúcar. Aprendi a ver os alimentos com as mãos e com isso a repugnância de tocar em peixe cru ou nas moelas da galinha desapareceu, restando somente a vontade de comer.Depois de o serão a ouvir música ou a ler, dou um beijo ao Miguel e espero-o na cama. Antes de adormecer todos os dias sou invadida pelo mesmo pensamento: ‘’Como a minha vida mudou’’. Acho que todos aqueles que me rodeiam ou que se cruzam comigo na rua têm pena de mim e pensam que sou a coitadinha que não vê. Esses que o fazem julgam-me mal. Sou muito feliz. Aliás, posso dizer que quem tem pena deles por vezes sou eu pois infelizmente vivo num mundo onde a cegueira social é bem mais grave do que a minha pobre cegueira. Problemas sociais, como o desemprego, a prostituição, os roubos e a discriminação são ignorados, propositadamente ou não, pela maioria das pessoas. A maior dificuldade que alguma vez alguém poderá enfrentar não é não poder ver onde deixou os óculos ou onde é a cozinha mas sim não conseguir enxergar as injustiças e a precariedade que caracterizam o nosso país. O acidente que me causou a cegueira não me destruiu, ele só me tornou mais forte e me deu razões para agarrar a oportunidade de ‘’ver’’ a vida de outra forma. Esta cegueira pode ser um problema ou um azar mas é minha e quem se tem de importar com ela sou eu. Bem pior talvez seja a cegueira que abrange grande parte da sociedade e nem com essa alguém se parece preocupar. 

N.Vieira

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Sangue lutador de um lusitano

O mundo em que vivemos consegue ser gratificante em alguns sentidos mas todos os dias enfrentamos imensas dificuldades que nos derrubam aos poucos. Infelizmente, temos de lidar constantemente com o facto da condição precária a que o país sujeita os seus cidadãos. Somos novos? Sim. Estamos a estudar? Sim. Queremos trabalhar? Sim. Sonhamos com um futuro gratificante? Sim. Apesar das respostas a estas questões serem positivas não existe uma correspondência assim tão positiva com o que realmente acontece no nosso país. Todos os dias ligamos a televisão ou o rádio, abrimos o jornal e aquilo com imediatamente nos deparamos é o estado miserável em que este país se encontra. Um país que nem sequer conseguer garantir segurança económica aos seus habitantes. Com tudo o que se passa em Portugal, seja a elevada taxa de desemprego dos jovens, o contrato provisório ou a recibos verdes, o salário minimo recebido, uma nova geração sente o seu futuro ameaçado e acaba mesmo por intitular-se de ‘’geração à rasca’’.  Os estudantes e licenciados são sem dúvida aqueles de que mais se fala quando pensamos na tal ‘’geração à rasca’’, mas não nos podemos esquecer que em Portugal estas condições abrangem um número enorme de mulheres e de pessoas de mais idade.Eu própria me incluo nessa geração. Já lá vão os tempos em que ainda acredita que mal acabasse a licenciatura me ‘’caía’’ uma proposta de emprego e daí até me sentir realizada naquilo que fizesse eram só uns passinhos. Hoje posso dizer que já não sou assim. Cada dia que passa compreendo que apesar dos imensos licenciados que o país tem, esses mesmos não conseguem ascender ao seu desejo de uma vida melhor ou mais gratificante. E porquê? Porque mesmo que tenham um emprego, esse mesmo pode nem sequer corresponder à área em que se formaram ou trabalham sob condições que não são as melhores. Por isso mesmo, penso: ‘’Será que são as pessoas que não se esforçam para conseguir trabalhar dentro da sua àrea ou será o país não lhes dá sequer essa oportunidade?’’. Até hoje o pensamento que seguidamente me invade a mente é ‘’Realmente vivo num país que não investe nos mais jovens, não tenta dar oportunidades e não se preocupa se estou a fazer aquilo que quero e de que gosto’’. Este deve ser o ‘’dilema’’ que todos os dias permance no meu pensamento e, com certeza, no pensamento de milhões de estudantes portugueses que vêem o seu futuro ameaçado por um país que não se preocupa, que não tenta.A verdade é que muitas vezes precisamos de músicas como a ‘’Sou Parva’’ dos Deolinda e o Movimento ‘’Geração à Rasca’’ para abrirmos os olhos e chegarmos à conclusão de que temos de ser nós a lutar pelo nosso futuro. É necessário, então, que paremos de choramingar, deitemos mãos à obra, tomemos iniciativa e mostremos de que realmente é feito o sangue de um lutador lusitano. É por isso mesmo que eu, ser humano lutador, saí do meu mundo de cinderela e decidi fazer algo por mim e por todos aqueles que querem ser alguém na vida. O segredo? O segredo é simples: acreditar e nunca desistir.

N.Vieira

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um começo

Tudo na vida se baseia por começar. Começamos a comer, a falar, a estudar, a trabalhar, a namorar, a criar, a querer fazer tudo e mais alguma coisa ao mesmo tempo. Por isso mesmo, decidi começar. Começo aqui um lugar meu onde posso ser livre, onde posso dizer aquilo que me apetece sem ser julgada fria e cruelmente. Não há muito a saber sobre mim. Sou uma pessoa simples que ingressou no mundo do jornalismo por este a cativar desde sempre. Gosto de tudo mas também não gosto de nada. Quero tudo mas também não quero nada. Sonho em fazer tudo mas também sonho em não fazer nada. Complicações e descomplicações de um ser feminino em busca de algo mas também de nada. O nome que dei ao blog deve-se, então, às complicações que cada ser humano tem em toda a sua vida mas também as descomplicações que rapidamente invadem as suas vidas e as fazem parecer uma coisa bastante mais simples. Portanto, fica aqui um começo, o meu começo.

N.Vieira