terça-feira, 23 de agosto de 2011

corpo seu

Os olhos pareciam perder-se no horizonte. O nariz reconhecia todos os cheiros. A boca saboreava profundamente cada um dos ingredientes que apareciam. O peito crescia à medida que a respiração se tornava mais ofegante. O coração não parava um segundo. A bariga não mostrava sinais de fome. As pernas eram cada vez mais conhecidas pela sua fraqueza. Os pés queriam pisar o chão frio que agora estava sempre quente. Os dedos dos pés entrelaçavam-se uns nos outros. Aconteceu, aquilo que previa aconteceu... estava apaixonada.

N.Vieira

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

madrugada

4.30min, o cansaço de dar voltas e mais voltas na cama. 5.15min, o sono que teima em não aparecer. 6.05min, a vontade de fechar os olhos por um pouco e pensar que vai ser desta. 7.20min, a certeza de que desistir é sempre mais fácil. 8.30min, o querer e não conseguir. 9.30min, não quer dizer que tenha sido vencida pelo cansaço mas acaba por se levantar. Não foi uma noite perdida. Para si foi uma noite em que os sentimentos falaram mais altos. E como será hoje? Hoje há outra noite... mas não há outros sentimentos, esses perduram, esses são os mesmos e conseguem ser muito bons.

N.Vieira

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

my light


"I didn´t see it coming, I was blinded by your light, Somehow i´m under your spell, Yeah you brought me, Back to life, I´d given up believing, Then you brought me, I still don´t know what you´re looking for, But i´ll make sure you won´t need anymore"... Only the truth.
N.Vieira

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

m de mão

A mão estava fechada. Por mais que quisesse estar aberta não conseguia. O medo que a consumia não a deixava soltar-se. O seu fecho não reflectia o seu ser. Por ela estava aberta para o mundo. Queria conhecer mais, saber mais, viver mais. Mas só através daquele fecho percebia que aquilo que tinha lhe chegava bem. Não precisava de mais nada. Aquilo que tinha conquistado chegava perfeitamente. Lentamente começava a perceber que o seu fecho não passava de uma barreira transparente. Na realidade estava solta há imenso tempo. Soltou um dedo de cada vez. No fim, o medo que a consumia sumiu-se. A certeza veio e com ela veio também um sorriso. De repente... apercebeu-se de que a mão estava aberta.

N.Vieira