Nem sempre acreditava no amor. Achava que essas coisas só aconteciam aos outros. Custava-lhe sonhar com o seu próprio conto de fadas. Todos os dias acordava e pensava "hoje não vai ser o dia". Via os outros submersos nas suas telenovelas meio mexicanas, meio apaixonadas. Nunca pensava no dia em que alguém pudesse aparecer na sua vida. Era realista ao ponto de pensar que nenhuma alma se iria interessar por si. Mas.. Às vezes sonhava com o dia em que chocava no metro com "ele". De vez em quando acreditava que o interesse por si ia surgir. Tentava, por vezes, acreditar que esse alguém não iria ser intimidado pela sua timidez e iria lutar, lutar por ela. Pensava que, mais tarde ou mais cedo, "ele" iria aparecer, independentemente do seu passado, das suas antigas histórias de amor e de todos os seus defeitos. Algumas vezes, era invadida pela possibilidade de, num futuro mais próximo, ser a sua vez, a sua vez de ser "feliz". Aconteceu. Não esperava. Foi apanhada de surpresa. Se foi bom? Ela diz que sim. As coisas aconteceram como tinham de acontecer, sem ninguém esperar. Não foi o choque no metro, mas foi bom, muito bom. Agora? Agora vai aproveitando cada dia que passa, como se o tudo de hoje aniquilasse o nada de amanhã. Porque a vida é assim, e, tal como ela diz, quando menos esperamos coisas boas acontecem.
N.Vieira