"Quando disseste que virias comigo para onde fosse decidi mesmo que quero ficar contigo para sempre", foram estas as palavras que ficaram no seu ouvido. Foi para casa. Fechou-se no quarto. Deitou-se na cama. Começou a imaginar o seu futuro. Nunca o tinha feito, ou pelo menos, nunca o tinha feito com aquela intensidade. Talvez por ter medo de se desiludir ou por recear a verdade do seu destino. Imaginou-os aos dois. A passear por aquela cidade tão europeia. Os dois esboçavam o maior sorriso alguma vez visto. Na mão tinha o seu primeiro artigo ali publicado. Curiosamente, ou não, era sobre o trabalho dele. Viviam na mais bela casa do pedaço. Juntos ouviam música. Recordavam os primeiros tempos. Mas agora previam o futuro. O futuro a três, quatro ou cinco. A verdade é que o futuro a três já vinha a caminho, eram só mais cinco meses. E ficou ali deitada por várias horas. Imaginou tudo e nada. Permitiu-se acabar com o seu final feliz. Afinal no amor as coisas não têm de correr sempre mal. "E este sim é baseado na verdade", sussurrou-lhe ao ouvido.
N.Vieira